Tuesday, June 23, 2009

Clique aqui para ler o artigo: 'Nondual Devotion is Already Realization'

Friday, June 12, 2009

Não há nada para 'nós' 'fazermos'...

Não há necessidade

de agradarmos ou ganhar o favor

do Supremo Ser

(para 'nossa salvação' ou 'libertação')...


Quando a experiência de separação é suficiente...

quando já não têm interesse,

a única 'coisa' que resta

é o Supremo Ser.



Porquê que é tão dificil

'Ser'?

Porque simplesmente

não há nada a fazer.


Tuesday, June 09, 2009

"Por toda a eternidade Deus jaz numa cama de parto, dando à Luz.
A essência de Deus é dar à Luz."
- Meister Eckhart

"'Espiritualidade' não se trata só de assuntos metafísicos e assuntos transcendentes, ou de preocupações remotas dos assuntos do dia-a-dia. Muito pelo contrário, a espiritualidade, de facto trata-se de aperfeiçoar a vida do dia-a-dia."
- Rudolf Steiner

Sunday, June 07, 2009

Comunicação com aluna de meditação - reproduzida com permissão:

Querido Mestre, quando não sabemos qual a acção/atitude que a vida espera que tomemos, o que devemos fazer? Sentar e esperar um sinal do Universo? Bj Mafalda
_

Primeiro, porque 'Mestre'? É melhor não me chamares de 'Mestre', ném que seja de brincadeira... O Mestre/Guru é a voz da verdade, a voz da sabedoria. E ninguém é dono da sabedoria. A sabedoria é a nossa essência. Ela flui, mas não a 'possuimos'. A partir do momento em que acreditamos que 'temos' sabedoria, passamos a ter crenças... e crenças não são mais nada do que ideias. Mesmo que sejam ideias ou crenças baseadas em sabedoria, a partir do momento que dependemos das ideias ou crenças, perdemos a sensibilidade ao fluir da sabedoria. A sabedoria existe só no presente.

:o)

Em segundo...

Será verdade que o Universo espera alguma coisa de nós? De onde vém esta ideia, e onde é que essa ideia nos leva?

Junto com a ideia que o Universo espera alguma coisa de nós, vem a ideia que temos um ‘dever’...

Se fosse verdade que o Universo esperasse alguma coisa de nós, como seria possível fazermos algo diferente daquilo que o Universo espera de nós? O que é afinal que nos separa do Universo? O que é que faz que exista ‘nós’ e ‘Universo’ como entidades (ou conceitos) diferentes? O que que nos dá (em cada momento) uma ‘identidade’? O que é, em cada momento, que nos faz acreditar na realidade desta identidade? ... O que acontece quando largamos nossos conceitos acerca da nossa identidade? ... A nossa separação com o Universo desaparece... E estamos livres.

Acho útil considerar estas questões primeiro porque a tua pergunta contém várias presuposições com que eu não alinho (ou que considero desnecessárias e confusas).

Qualquer pergunta que nos preocupa presupõe uma posição ou uma identidade... um ‘ser’ que supomos ‘ser’. Mas será que essa primeira suposição está correcta? Somos mesmo o ser que supomos ser? :o)

Mas, para ser justo, não há nada de errado com a pergunta... Não há nada de errado com o surgir de perguntas... No entanto, qualquer pensamento, qualquer ideia, qualquer conceito, qualquer pergunta pode ser visto com o mesmo desapego, o mesmo desinteresse... E o que acontece? Não obtemos resposta, mas mantemos-nos livres... Livres para ser testemunhas de tudo que surge – seja perguntas, seja confusão, seja alegria, alívio, tristeza – seja o que for.

Portanto, minha resposta é sempre a mesma, seja qual for a pergunta...

“Quem és tu?”

... Talvez é por isso que me entitulaste ‘Mestre’.

Então, em relação à acção... Acreditas que tens opções e que existem expectativas, então acreditas que tens 'dever'... Mas, essa preocupação com acção presupõe liberdade para escolhermos nossas acções...

O que é o livre arbítrio afinal? Será que temos mesmo 'liberdade' antes de sabermos quem somos?

Como é que podemos usufruir das nossas capacidades para agir se ném sabemos quem somos?

Portanto, a primeira questão é essa: ‘Quem és tu?’ ou seja, ‘Qual é a natureza do ‘eu’?’

E é a única pergunta com que eu posso ajudar.

‘Esperar’ um sinal não parece fazer muito sentido. O único sinal claro seria o próprio impulso para agires... mas podemos ver a questão de outra forma... Podiamos dizer que seja o que for que tu fizeres, é o que está ‘certo’ porque é o que é.

Faça aquilo que sentes em cada momento e vais ver o quê que o Universo (ou a vida) ‘esperava’. O Universo só espera aquilo que é. Ou seja, o Universo, ou a vida, não ‘espera’ nada... só ‘revela’ o que é. Quando nos referimos ao Universo como sendo a ‘Inteligência Cósmica ou o ‘Eu Cósmico’, podemos dizer que o Universo ‘espera’, no sentido de paciência infinita... ‘espera’ que todos os preconceitos se dissolvam – todas as nossas ‘pre-ocupações’ – para que possa haver um reconhecimento do que ‘é’ (e de quem, ou ‘quê’, ‘somos’). Mas, não é um ‘esperar’ no sentido de ‘esperar um resultado’. É uma ‘espera’ no sentido de ‘permanecer’... O Universo/ a vida permanece até que a verdade por detrás das aparências seja realizada... Não é porque isso seja o ‘objectivo’. Aí é que ficamos confusos... e tanto a ‘espiritualidade’ como a religião se ocupa com muita busca desta ‘Realização’ porque achamos que o ‘objectivo’ é este. Confundimos a realidade inalterável e sempre-presente com um ‘objectivo’ a ser atingido. No entanto, é através da desistência, ou da dissolução, do conceito do ‘eu’, que surge o reconhecimento de quem somos.

... O Universo/ a vida permanece até que a verdade por detrás das aparências seja realizada... e aí a distinção entre ‘eu’ e ‘Universo’, ou ‘eu’ e a ‘vida’ desaparece. ‘Eu’ desapareço (ou, melhor, ‘o eu’ desaparece)... e ‘o Universo’ desaparece (como entidade separada do ‘eu’).

Sitting quietly, doing nothing , Spring comes, and the grass grows by itself”…

Esse ditado da tradição Zen parece dar a entender que ‘deviamos’ fazer nada. Mas, essencialmente, dá a entender que o fluir da vida não depende dos nossos planos e do nosso esforço. Tudo surge no seu tempo, e a acção também surge espontâneamente no seu tempo... Nossa preocupação com ‘objectivo’ e ‘dever’ só nos torna insensíveis ao surgir, o fluir, espontâneo da Vida.

O ensinamento dado pelo Krishna ao Arjuna no campo de batalha na história do Bhagavad Gita parece ser o oposto à essa passividade do Zen... mas não é. Ele dá a entender que a acção é uma resposta natural às circunstâncias da vida... Não é preciso nos esforçarmos para abster de acção quando não sabemos o ‘porquê’ dum impulso para agir (ou o resultado que dará), nem é preciso nos esforçarmos para agir quando as circunstâncias são próprias para a acção... o agir é natural, espontâneo e símples e não precisa passar pela nossa mente o ‘porque’ e o ‘como’. (Confusão surge por isso mesmo – por exigirmos ‘compreensão’.)

Em qualquer dos casos, podemos manter uma receptividade ao fluir da vida. A vida é a fonte do fluir e é também o destino de todos os rios/ todas as correntes...

A vida só espera ser vivida :o)

Estás livre. Sempre estiveste livre. A liberdade é a tua natureza. Mas para reconheceres essa liberdade pode ser necessário largares teus conceitos acerca de quem és. E aí passas a ser a ‘testemunha’ das acções, e dos pensamentos, e das emoções, etc., e não a ‘directora’ (ou a ‘vítima’) delas.

Um grande abraço para ti!

Beijinhos,

Peter